

Chile determina expropriação de parte da Colônia Dignidade para erguer memorial
O governo chileno decretou nesta segunda-feira (7) a desapropriação de 117 hectares da antiga Colônia Dignidade para construir um lugar de memória nesse enclave alemão que foi usado como centro de repressão durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Em 2024, o presidente de esquerda Gabriel Boric havia determinado a desapropriação de parte desse terreno de 4.800 hectares no sul do Chile, que hoje é conhecido como Villa Baviera.
"Hoje estamos firmando formalmente a programação da desapropriação", explicou o ministro da Justiça do Chile, Jaime Gajardo, durante ato oficial.
Na Colônia Dignidade, desde 1961 e por décadas, cerca de 250 pessoas que viviam no local foram submetidas a condições de escravidão por seu sinistro líder Paul Schäfer, que morreu em 2010 na prisão.
Ex-enfermeiro do Exército alemão, Schäfer também permitiu que o local fosse usado como centro de prisão, tortura e desaparecimento de opositores à ditadura.
Estima-se que 26 dissidentes desapareceram no enclave e dezenas de pessoas foram sequestradas e torturadas, segundo dados oficiais.
O plano do governo é converter os terrenos expropriados em um memorial pelos crimes cometidos durante o regime militar.
Para isso, os 122 colonos que vivem ali deverão vender ao Estado parte de sua propriedade, inclusive a área onde estão suas casas, o que gera resistência em alguns.
Com a assinatura do decreto, agora é preciso fazer um estudo para avaliar os valores dos terrenos em questão. Uma vez que se determine o montante que o Estado deve pagar aos proprietários de Villa Baviera, será concluída a desapropriação.
"Nós gostaríamos que, dentro deste ano, completássemos todo o processo", assegurou o ministro da Habitação, Carlos Montes, cuja pasta deverá implementar a medida.
O governo chileno busca concluir o processo antes de março de 2026, quando Boric entregará o poder a seu sucessor.
D.Horn--FFMTZ